Ana Rondon

Há seis anos me mudei para a cidade de Petrópolis e criei o Espaço Artéria, meu atelier de Cerâmica e Pintura, localizado no bairro de Carangola, onde no momento divido com meu filho Antonio Rondon, eu oferecendo um curso regular de cerâmica e ele aulas de torno para iniciantes.

Como Arte Educadora, participei e ministrei oficinas em diversos eventos e espaços culturais na cidade de Petrópolis, a citar: Agro Serra no Palácio de Cristal, Festival da Primavera no Brejal, Nas três edições da Feira de Cerâmica de Petrópolis, CIEP Cecília Meireles, Casa Cria Local, e ações educativas nas exposições “Gesto de Barro” e “Afago” no SESC Quitandinha, e na exposição “Mulher de Ninguém” na FASE.

Durante a pandemia dei continuidade a uma série de trabalhos que nominei “Vasos”, e dentro desse processo surgiram três linhas de pesquisa: Os “vasos sementes” inspirados na natureza mais imediata ao meu redor, os “vasos históricos” que fazem uma livre referência tanto a cerâmica dos povos originários brasileiros como à arte popular e os “vasos coração” que fazem alusão ao nome simbólico que escolhi para o atelier, um lugar de troca de afetos e cuja expressão é a livre modelagem do barro como matéria viva. Nessa série quase não utilizei esmaltes, a matéria era a cor, e, no máximo esmaltes feitos de cinzas.

Mais recentemente realizei outra série “Pratos”, pela primeira vez utilizando moldes, pré-formas, a partir de placas onde o esmalte-cor começou a aparecer em gestos e grafismos, de certo modo senti a minha pintura invadindo a cerâmica. Um prato utilitário virou uma tela, tudo ainda um tanto monocromático ora em pretos ou brancos. O corpo presente na gestualidade durante o processo da esmaltação.

Se pudesse definir minha poética do barro, talvez esse embate corpo a corpo com a matéria. Não faço esboços prévios, a idéia ganha corpo no momento do fazer. Trago isso desde sempre. A expressão de algo muito de dentro, posso ter um tema, uma forma, uma cor ou algo pré intuído, mas é a expressão desse contato atávico com a matéria onde expresso meu sentir transcendente com a vida, minha impermanência. Quando a matéria e o espírito ou vice-versa viram uma coisa só.

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